No início do julgamento de Manuel Chang nos Estados Unidos, os procuradores norte-americanos acusaram o ex-ministro das Finanças de Moçambique de aceitar subornos como parte de um esquema corrupto para enriquecer e enganar investidores.
Durante as declarações de abertura em Nova Iorque, na terça-feira (16.07), o procurador Peter Cooch afirmou que Manuel Chang era um "funcionário estrangeiro corrupto" que abusou da sua posição para enriquecer através de subornos, fraude e branqueamento de capitais, conforme reportado pelo portal jurídico Law360.
Cooch também acusou Chang de conspirar para desviar fundos destinados a proteger e expandir as indústrias de gás natural e pesca de Moçambique, resultando em perdas milionárias para os investidores devido ao fracasso dos projetos e ao não pagamento dos empréstimos pelo país.
Os três acordos em questão incluíam 622 milhões de dólares para vigilância costeira, 855 milhões para uma frota de pesca de atum e 535 milhões para projetos de estaleiros. O procurador destacou que a empresa de construção naval Privinvest participou de um acordo corrupto, com Chang ajudando a fechar os contratos em troca de pagamentos.
Documentos mostram subornos e transferências eletrónicas para uma conta bancária suíça controlada por um amigo de Chang. Apesar de seus esforços para evitar rastros, os co-conspiradores documentaram os crimes, segundo Cooch.
Defesa Contesta Acusações
Os advogados de Chang argumentaram que o governo dos EUA não tem provas de que ele recebeu qualquer quantia dos supostos subornos de sete milhões de dólares ou que conspirou para violar a lei. Adam Ford, advogado de Chang, alegou que os investidores perderam dinheiro devido aos riscos inerentes a mercados emergentes, não por ações de seu cliente.
Chang nega todas as acusações e responsabiliza o atual Presidente, Filipe Nyusi, então ministro da Defesa, por ordenar a assinatura das garantias bancárias que viabilizaram as dívidas ocultas, organizadas pelos bancos Credit Suisse e VTB da Rússia.
Prisão e Acusações
Manuel Chang está preso em Nova Iorque desde julho de 2023, após ser extraditado da África do Sul. Acusado de conspiração de fraude e envolvimento em lavagem de dinheiro, ele enfrenta até 30 anos de prisão se condenado.
O governo dos EUA alega que o projeto do Sistema Integrado de Monitorização e Proteção do espaço marítimo moçambicano foi uma fachada para os réus e co-conspiradores ganharem dinheiro, desviando parte dos fundos para subornos e comissões, com pelo menos cinco milhões de dólares transferidos para Chang através do sistema financeiro norte-americano.
Chang foi ministro das Finanças durante o governo de Armando Guebuza, entre 2005 e 2010, e avalizou dívidas secretas de 2,7 mil milhões de dólares para a EMATUM, ProIndicus e MAM, supostamente para segurança marítima e pescas, entre 2013 e 2014. Leia Mais...