Nesta quarta-feira, o Presidente queniano William Ruto nomeou quatro figuras da oposição para integrar seu novo "governo alargado". A medida busca acalmar as manifestações que têm abalado o país desde o mês passado, resultando em forte repressão e pelo menos 50 mortes.
As nomeações incluem membros do partido de Raila Odinga, adversário político de Ruto. John Mbadi foi nomeado Ministro das Finanças, James Opiyo Wandayi assumiu o Ministério da Energia e Petróleo, Hassan Ali Joho ficou responsável pelo Ministério das Minas e Economia do Mar, e Wycliffe Oparanya foi nomeado Ministro para o Desenvolvimento das Cooperativas e PME.
Essas nomeações fazem parte de uma lista de dez novos membros do governo, que somam-se a outros dez já submetidos à aprovação do Parlamento. A decisão colocou a oposição em uma posição delicada, especialmente após o líder oposicionista Musyoka Kalonzo declarar na sexta-feira que não apoiaria o "governo alargado" proposto por Ruto.
A reestruturação do governo acontece após a demissão de quase todos os ministros, exceto Musalia Mudavadi, Ministro dos Negócios Estrangeiros. A única posição ainda não preenchida é a de Ministro da Justiça, inicialmente atribuída a Rebecca Miano, que foi transferida para o Ministério do Turismo e Fauna.
As mudanças no governo foram uma resposta aos protestos desencadeados pelo projeto de orçamento 2024-25, que introduzia novos impostos e foi retirado sob pressão popular. As manifestações, iniciadas em 18 de junho por jovens fora de qualquer quadro político, se intensificaram quando, em 25 de junho, a polícia disparou contra a multidão, resultando em 50 mortes e mais de 400 feridos, segundo a Agência Nacional de Proteção dos Direitos Humanos (KNCHR).
Jornalistas também denunciaram ameaças e intimidações durante a repressão, e dezenas participaram de marchas em várias partes do país exigindo proteção policial. Apesar da retirada do orçamento e da formação do novo governo, a situação no Quênia continua tensa, com manifestantes exigindo a renúncia do Presidente Ruto, eleito em 2022 com a promessa de combater a pobreza.
Após a retirada do projeto de reforma fiscal que previa 29 bilhões de euros em despesas financiadas pelos contribuintes, Ruto anunciou um aumento nos empréstimos de cerca de 1,2 bilhão de euros e uma redução das despesas públicas em 1,3 bilhão de euros. A dívida pública do Quênia, motor econômico da África Oriental, é de cerca de 71 bilhões de euros, equivalente a 70% do PIB. Leia Mais...
Fonte: TVSucesso